terça-feira, 6 de novembro de 2007

As aparências enganam - Tunai



“As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam, porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões. Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague. Se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são o alimento, o veneno e o pão, o vinho seco... a recordação dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver.
As aparências enganam aos que odeiam e aos que amam, porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões. Os corações viram gelo e depois não há nada que os degele. Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser, não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar... não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o cobertor.
As aparências enganam aos que gelam e aos que inflamam, porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões. Os corações cortam lenha e depois se preparam pra outro inverno. Mas o verão que os unira ainda vive e transpira ali... nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera, no insistente perfume de alguma coisa chamada amor.”